Como converter a produção convencional em orgânica
Nunca se falou tanto em alimentação saudável e com menos intervenções químicas como na última década. O novo consumidor tem o hábito de ler os rótulos no supermercado, cozinha mais em casa e, quando frequenta restaurantes, avalia as opções mais saudáveis.
O Brasil é o 4° colocado em consumo de alimentos saudáveis, segundo pesquisa realizada pela Euromonitor. Não é a toa que todos querem uma fatia desse lucro: as indústrias de refrigerantes, por exemplo, investem cada vez mais em produtos sem açúcar que se dizem menos prejudiciais.
Os movimentos do mercado atual são um prato cheio para a agricultura orgânica, que cresce em média 20% ao ano no Brasil. Em todo o mundo, os orgânicos movem cerca de U$ 85 bilhões e seu valor pode chegar a 50% acima do preço de produtos convencionais.
Você deve conhecer alguém que está em busca da conversão do sistema produtivo convencional para o orgânico. Questões como “quanto tempo leva para a conversão” ou “por onde começar” são bastante comuns, por isso fique atento: esse post vai lhe explicar tudo o que você precisa saber sobre a conversão da produção convencional em orgânica.
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Produção Convencional x Produção Orgânica
A diferença mais comumente conhecida entre esses dois sistemas produtivos é a de que a produção orgânica não permite a utilização de agrotóxicos e fertilizantes químicos. Esse ponto, quando alinhado ao manejo adequado da produção, pode reduzir danos ao meio ambiente e gerar um alimento mais seguro e com menos resíduos.
Não basta, entretanto, que o produtor apenas abandone a utilização de insumos químicos para que a sua produção seja considerada orgânica, existem outras diretrizes importantes que devem ser adotadas para diferenciá-los.
Para bom entendedor meia tabela basta: para que você entenda de forma simples e objetiva as diferenças entre a produção convencional e orgânica, confira a tabela de comparação:
Já se foi o tempo em que o consumidor não se importava com o que era colocado à sua mesa. Existe um novo perfil no mercado que deseja produtos sustentáveis do ponto de vista ambiental e econômico.
Não é por acaso que os chefs mais renomados de cozinha têm optado por alimentos orgânicos para construir seus pratos: uma pesquisa realizada pela GfK para a Associação Paulista de Supermercados (APAS) mostra que 49% dos brasileiros consideram importante o uso de ingredientes orgânicos!
Contra fatos não há argumentos: ainda que os alimentos orgânicos sejam em geral menores por não contarem com a contribuição de insumos químicos, podem possuir um valor nutritivo mais alto quando comparado aos convencionais, como você pode notar na tabela de comparação dos produtos maçã, tomate, cenoura e batata.
No entanto, o alto valor agregado ao produto orgânico é justificado não somente devido ao sabor e valor nutritivo. Em linhas gerais, esses alimentos abrangem outros benefícios relevantes:
- Potencializar os recursos internos da propriedade: Utilizam-se resíduos animais e vegetais, tornando o produtor menos dependente de insumos externos e contribuindo para a sua autonomia.
- Melhor para o ecossistema: O impacto ambiental da produção orgânica, quando bem manejada, é menor, pois não utiliza químicos que afetam a microfauna do solo e que podem contaminar fontes de água.
- Saúde para o trabalhador e consumidor: Os trabalhadores rurais ficam menos expostos à agentes nocivos à saúde, assim como os consumidores compram um alimento livre de resíduos de agrotóxicos.
- Menor concorrência no mercado: O segmento ainda compreende apenas 1% do mercado brasileiro de alimentos, exibindo menor concorrência para uma demanda em crescimento.
Com essas informações você deve estar pensando em passar a produzir de forma orgânica o mais rápido possível, mas é preciso estar atento: as oportunidades do mercado não necessariamente significam que a produção orgânica seja a melhor opção para você e para o seu negócio.
Fazer a transição do sistema de produção convencional para o orgânico requer um bom planejamento para garantir que você esteja amparado tecnicamente já que, quanto maior a escala da sua produção, maiores os desafios para seguir as diretrizes exigidas.
Se você deseja produzir de forma orgânica e está preocupado em entender se esse sistema é ideal para você, está no caminho certo! A preparação para o processo de conversão é uma etapa crucial para que você atinja os seus objetivos.
Quero fazer a conversão da minha produção: por onde começo?
1. Plano de Manejo Orgânico (PMO)
O Plano de Manejo Orgânico (PMO) é o principal meio para a execução das atividades da produção orgânica de forma adequada, possibilitando o controle e melhoria das atividades do sistema produtivo.
Através do PMO, você realiza o controle de custos da produção, acompanha a evolução do sistema produtivo e identifica possíveis melhorias. É nele que você vai registrar como a sua produção será manejada, por isso é importante mantê-lo atualizado de acordo com as melhorias executadas.
O objetivo é organizar o seu processo de conversão, incluindo um cronograma e definindo os processos e insumos utilizados em cada atividade. O Plano deve compreender:
- Histórico de utilização da área de produção;
- Manutenção e incremento da biodiversidade;
- Manejo de resíduos;
- Conservação do solo e da água;
- Procedimentos para pós-produção: envase, armazenamento, processamento, transporte e comercialização;
- Medidas para prevenção e mitigação de riscos de contaminação externa;
- Procedimentos que contemplem as boas práticas de produção;
- Ações que visem evitar contaminação interna e externa.
Se você nunca elaborou um Plano de Manejo Orgânico, não se preocupe! Preparamos um material para orientar na construção do seu PMO, realize o preenchimento e comece já o planejamento da sua produção orgânica!
2. Tempo para conversão
O período de conversão é o tempo mínimo necessário para que a sua produção seja considerada orgânica e depende da cultura da sua propriedade:
- Mínimo de 12 meses de manejo orgânico para culturas anuais para que a produção do ciclo subsequente seja considerada orgânica;
- Mínimo de 12 meses de manejo orgânico ou pousio no caso de pastagens perenes.
- Mínimo de 18 meses de manejo orgânico para culturas perenes para que a próxima safra seja considerada orgânica;
Vale destacar que o tempo de conversão pode ser estendido pela certificadora de acordo com a situação da produção, sendo que o período máximo é de 4 anos e são necessárias evidências para comprovar a transição, como acompanhamento de entidades (Emater) e consultores.
3. Registro de Manejos no Rastreador do Campo
Para um acompanhamento adequado do processo de conversão é fundamental ter o controle das suas atividades de produção. Para tanto, o Rastreador do Campo é a ferramenta utilizada para realizar a gestão da sua propriedade, desde o apontamento de manejos, até o controle de insumos e custos.
O intuito é garantir ao cliente que você está utilizando apenas insumos liberados para a produção orgânica e, após o período de conversão, ter o histórico de todo o seu processo para assegurar a confiabilidade do seu produto.
E você ainda pode simplificar esse trabalho: ao invés de realizar todas as anotações no papel e ficar fazendo contas manualmente, tudo pode ser feito na palma da sua mão em questão de minutos através do aplicativo Rastreador do Campo.
Com o uso do aplicativo, as atividades agrícolas são planejadas e datas de início e término são definidas, o que possibilita com que você saiba tudo o que está ocorrendo no tempo certo. Além disso, seus funcionários também ficam a par do que é para fazer, como será feito e em que tempo precisam finalizar.
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4. Principais aspectos para você levar em consideração:
A etapa de planejamento é essencial para que a conversão do sistema convencional para o orgânico ocorra de forma gradual e eficiente. Por isso, foque sua atenção em 5 aspectos fundamentais:
- Diagnóstico: a análise técnica e econômica tem como objetivo determinar as principais não conformidades da sua propriedade e avaliar os canais de comercialização. Feiras e restaurantes, por exemplo, são opções ideais para pequenos e médios produtores.
- Plano de Ação: Para que as mudanças ocorram de forma gradual, realizar um planejamento dos seus próximos passos é essencial.
- Técnica e treinamento: Engloba o planejamento para equilibrar o sistema e, o aprendizado dos conceitos e técnicas de manejo utilizadas na produção orgânica por parte dos agricultores e funcionários.
- Instruções Normativas: Para que o seu produto possa receber o selo orgânico de qualidade, deve atender às legislações vigentes.
- Acompanhamento de profissional capacitado: o objetivo do acompanhamento é auxiliar o agricultor e sua família a atingir as metas propostas.
5. Certificação
Passadas as etapas de planejamento e conversão, certificar a sua empresa é essencial para garantir ao consumidor que o seu produto é de fato orgânico e conquistar uma posição de destaque no mercado.
Você pôde notar que os alimentos orgânicos são produzidos através de um modelo sustentável, segundo a legislação brasileira. O padrão de não utilizar agrotóxicos e fertilizantes químicos é respeitado pelos produtores que adotam esse sistema, não agredindo o solo e o meio ambiente quando manejados de forma correta.
O consumo de orgânicos tem sido mais do que um modismo, um estilo de vida. No Brasil, por exemplo, esse segmento já é um nicho em ascensão. Conhecer a agricultura orgânica é uma maneira de compreender para onde caminha o futuro da agricultura.
Deixar de produzir de forma convencional para a orgânica vai além de seguir o fluxo do mercado de alimentação saudável, significa promover mudanças positivas em toda a cadeia produtiva.
Se o seu objetivo é realizar a conversão da agricultura convencional para a orgânica, o mais importante é dar o primeiro passo! E não esqueça: o planejamento é fundamental para direcionar, alcançar as metas e levar a sua produção para uma posição de destaque.
- Os primeiros passos para a certificação de produtos orgânicos.
- Como utilizar o plano de manejo ao seu favor.
- A certificação orgânica por auditoria é a melhor escolha?